Maria Auxiliadora Santos Essado é defensora pública/SP e
membro da AJE-SP (Associação Jurídico-Espírita de São Paulo).
Tiago Cintra Essado é promotor de justiça/SP e
membro da AJE-SP (Associação Jurídico-Espírita de São Paulo).
A campanha Setembro Amarelo, destinada a conscientizar a sociedade sobre a importância da saúde mental e a prevenção ao suicídio, deu em 2019 mais um importante passo.
Verificou-se o aumento da discussão em torno do assunto, considerado por muito tempo como um tabu. Isso por si só é digno de elogio. Diversas matérias jornalísticas, divulgação de pesquisas, filmes procuraram divulgar algo em torno do suicídio neste ano.
A estreia de “Divaldo, o mensageiro da paz”, filme que retrata a biografia de Divaldo Pereira Franco, não foi por acaso que se deu em setembro. O fio condutor da ótima narrativa toca diretamente o tema em questão.
Com coragem, essa obra fez contraponto claro em relação ao posicionamento secular da Igreja Católica sobre o assunto, jogando a luz do amor e da misericórdia divina para acalmar os que padecem dos inevitáveis sofrimentos decorrentes do suicídio.
Também mostrou as aflições e as dificuldades humanas que podem culminar em tentativas de ceifar a própria vida, o que eleva a responsabilidade individual e social para prevenir essas ações.
A Ouvidoria da Polícia de São Paulo divulgou (25/09) que o suicídio é a maior causa de vitimização de agentes na Polícia Civil do estado e a segunda na Polícia Militar. Nessa corporação a primeira posição se dá em razão de homicídios dos agentes na folga.
Conforme retratou a Folha de S. Paulo, “Entre 2017 e o ano passado, 78 policiais tiraram a própria vida. Destes 17 eram policiais da ativa. Tendo em vista um efetivo de 28 mil agentes, a taxa de suicídio nesse grupo é de 30,3 a cada 100 mil habitantes. Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), uma taxa de 10 a cada 100 mil já pode ser classificada como epidêmica” (26/09).
“Se comparada a taxa média de suicídio das duas polícias (PM e Civil) em São Paulo (23,9 por 100 mil) com a do restante da população brasileira (5,8 por 100 mil), os policiais se suicidaram em uma proporção quatro vezes maior do que a população em geral”, concluiu a matéria da Folha de S. Paulo.
Assim, dados concretos não faltam para se valorizar a saúde mental e se adotar medidas preventivas.
É fato que aqueles que ceifam a própria vida acreditam estar pondo fim também aos problemas que os levaram a adotar tal atitude. Contudo, a Doutrina Espírita além de indicar que o ser humano não tem o direito de dispor da sua própria vida (O Livro dos Espíritos, questão 944) , confirma a imortalidade da alma.
Logo, a abreviação voluntária de uma encarnação não colocará fim às vicissitudes terrenas, pois o espírito enfrentará as mesmas dificuldades, agora agravadas com tal falta.
Nesse sentido, cabe aos espíritas agir com consciência e responsabilidade ante irmãos aflitos, encorajando-os a buscar tratamento com profissionais de saúde mental, bem como utilizando-se da terapêutica espírita (estudo edificante, prece, passe, atendimento fraterno, vibrações a distância).
Omitir-se, contudo, é indesejável. Que o Setembro Amarelo seja para o ano todo.