João Batista Vaz
Os nossos sofrimentos, próprios de Espíritos em atraso moral, apresentam-se de formas as mais variáveis. Quanto sofre um desgostoso pelo bem ou pela felicidade dos outros! Em quantos o sucesso alheio revolve as fímbrias da alma! Quantos se submetem à tirania de ciúmes corrosivos! E a raiva? Quanto abala os sentimentos, causando terrível mal-estar!
São tantos!
Mas, a misericórdia divina estatuiu que a distância, grande ou pequena, nula ou aparentemente invencível, que nos separa da verdadeira felicidade mede-se pelo nível de moralidade que alcançamos. Para o Espírito grosseiro, grandes aflições; para o puro, gozo inefável!
Contudo, são sofrimentos que, qualquer que sejam as nuanças que os caracterizem, estão, moralmente, sujeitos à extinção pela força libertadora do conhecimento. Jesus nos exortou: “Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”
O nosso grau de conhecimento da Verdade Única e Eterna – de que se constituem as Leis de Deus – é de ascensão inexorável. O nosso esforço pessoal, todavia, é indispensável, sem o que o progresso nos custará sofrido alavancamento moral involuntário, sem deixar, porém, de consistir, a consciência de tal realidade, em infalível instrumento a nos medir o nível de moralidade, a assinalar-nos o mérito ou o demérito.
Não por outra razão, a busca do conhecimento da Verdade nos é tão exigida, que, no corpo da Doutrina Espírita, nada nos recomendam Kardec e os Luminares espirituais, sem que, antes, acendamo-nos a luz do entendimento das coisas, obviamente na estreita medida da nossa capacidade intelecto-moral.
É inegável que, no contexto universal, a ninguém que se erga luz acima é dado viver injunções que lhe sejam contrárias.
É, então, que, em esforço pessoal, próprio de quem se vê incomodado com a recomendação do Divino Mestre, vemo-nos a caminho da busca da Verdade e de Sua vivência. E porque sofremos, por conta do próprio descuido, examinar a questão 970 de O Livro dos Espíritos é abrir a mente para uma realidade moral pouco apreciada, porém, da mais elevada importância para quem se preocupa com a necessidade de livrarmo-nos das causas impeditivas do desejado progresso, que nos há de, um dia, efetivamente nos felicitar.
Atentemos para o grave inventário espiritual das fraquezas que nos impõem sofrimento e atraso evolutivo: o Codificador indagou: “Em que consistem os sofrimentos dos Espíritos inferiores?” E os caridosos Instrutores responderam: “Eles são tão variáveis quanto as causas que os produziram, e proporcionais ao grau de inferioridade, como os gozos o são para os graus de superioridade. Podem-se resumir assim: Invejarem tudo o que lhes falta para serem felizes e não poderem obtê-lo; verem a felicidade e não poderem atingi-la; desgosto, ciúme, raiva, desespero daquilo que os impede de ser feliz, remorso, ansiedade moral indefinível. Eles têm o desejo de todos os prazeres e não podem satisfazê-los, é o que os tortura.”